quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Tempo é dinheiro? Nananinanão.


Em diversos momentos eu tenho a sensação de que preciso fazer muito esforço para me manter centrada naquilo que acredito, várias vezes sinto que os meus princípios e valores não são os dominantes na nossa sociedade e são testados a todo instante.

Em uma cidade como a que moro, Brasília, dinheiro e poder são assuntos recorrentes nas conversas de amigos, de trabalho e até de butiquim. É a capital do Brasil, o centro do governo, concentração de muito poder. 

Muitas vezes, quando conhecemos alguém por aqui, em vez de investigarmos seu humor, seu gosto musical, os lugares que já viajou, a primeira coisa que perguntamos é: "onde você trabalha?". E isso determina a direção da conversa. 

Claro que não é sempre ou em qualquer ocasião, mas eu tenho ficado impressionada como tem sido cada vez mais frequente. E uma coisa eu tenho percebido:

As pessoas preferem ter dinheiro a ter tempo. Preferem ter poder a aprender. Preferem acumular a dividir. E isso me deixa muito triste.

É comum pessoas taxarem as outras de "acomodadas" quando essas decidem buscar algo diferente de salários maiores em suas vidas profissionais. Talvez seja difícil entender que muita gente se motiva por outras coisas, né?

Passando boa parte da nossa vida no trabalho, nossa energia criativa é basicamente investida na profissão. Então, pessoal, parece óbvio, mas não tanto assim: vamos buscar paixão, não só dinheiro. Não passem a vida reclamando do trabalho que têm só porque ele te dá segurança financeira. Não tenham como objetivo profissional a aposentadoria, pelamor!

Eu sei que devem ter pessoas que olham pra mim e têm pena por eu não ter uma salário altíssimo, por eu ser artista, por gostar de costurar. Mas sou eu quem fica com vontade de sacolejá-las para que não se arrastem na vida, para que se divirtam, aproveitem a juventude, as pessoas que amam e as coisas que dão alegria.

Claro que eu enxergo a importância do dinheiro e da segurança, óbvio que não quero ser pobre nem completamente instável. Só o que estou dizendo é que acho tempo e paixão muito mais valiosos do que grana, sem dúvida.  E acredito que ambientes um pouco instáveis são mais criativos e produtivos. E fiquei muito feliz quando entendi isso.

Por isso, mais uma vez eu vou dizer (bem alto, para meu coração escutar também): arrisquem mais, abram mão do excesso e não se deixem contaminar por esse padrão consumista e desequilibrado no qual vivemos. É furada.





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26 comentários:

  1. Ótimo texto, Camila. É uma pena que os valores estejam tão fora do lugar, realmente... mas ainda tem gente que salva a pátria. Esse é o meu consolo! Bjs!

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    1. Ai Tati, às vezes me bate um desânimo porque estou rodeadas dessas pessoas, uiui.
      Mas passa rápido, hahahahaha.

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  2. Adorei o seu manifesto a favor da paixão!!! Tenho um pé em Brasília e sei o que você fala.
    um beijo,

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  3. Posso assinar embaixo de tudo o que vc escreveu?

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  4. Bem falado (ou melhor! Escrito!) Camila, concordo em gênero, numero e grau! A vida é muito mais que renda, precisamos de motivação e o trabalho feito com amor e prazer rende muito mais, afinal, não gastamos com remédios e médicos!
    Amei!
    Bjos
    Guetlin
    fadadocupcake.blogspot.com
    sabordeprimavera.blogspot.com

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    1. Realmente, Guetlin, o custo benefício em muitos casos não vale a pena, né?

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  5. E quando a gente sai de Brasília isso tudo que vc falou fica mais gritante. A vida em outras cidades é muito diferente. E olha que moro em SP, cidade em que a maioria das pessoas vive para o trabalho! Digo maioria pq algumas já perceberam que levar a vida só pensando em grana e não ter tempo é furada!

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  6. Digo que a vida em outras cidades é diferente porque em Brasília eu sinto que as pessoas desistem muito mais fácil dos sonhos. Mas isso não quer dizer que em outras cidades as pessoas não vendam suas almas tbm.

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  7. Adoro seus textos!
    E esse em especial me fez lembrar um poeminha (que eu não lembro quem é o autor):

    "Depois que tempo virou dinheiro
    Não há mais tempo para brincadeira
    É assim que a alegria do fim de semana
    Se transforma no mau humor da segunda feira"

    bj!

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  8. Nossa Mila... posso dizer que compartilho do sentimento?
    Nessa experiência de viver o sonho dentro - até mesmo - do instável, te digo... a Índia não se difere do Brasil no ponto "o que é poder para você?"
    Seja em Brasília, seja no Brasil e hoje fora... vejo que muitos, por muito pouco, vendem suas almas pela ilusão do dinheiro.
    Entendo quando você diz que não está fazendo apologia a "vamos viver de luz", até mesmo porque a luz custa dinheiro... mas te digo, pior que lidar com nossas instabilidades - que são necessárias e criativas - é ter que ouvir as críticas, e coisas do tipo: "mas por que você não tenta um concurso melhor?!"
    Alô?! Será que melhor para mim é o mesmo que é para você?!
    Então, nega... Gritemos: Arrisquem-se!!! mas parem de olhar para o lado, quando na verdade deveriam estar olhando da dentro!
    Eu me arrisquei... tô na Índia!
    #vaivendo

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    1. Mikesita, vc é das mais corajosas que conheço! E coragem, nega, é mérito de poucos hoje em dia.
      E vou dizer mais: riqueza nessa vida, de verdade, é ter um amor verdadeiro. Alimenta, protege e acalenta. E tu é milionária!

      Beijocas

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    2. Mila, sua linda!!!
      Somos mulheres com muitas riquezas!! Alimentamos e somos alimentadas com muito amor e muita criatividade.

      Muitas flores para você!!!

      Bjo com carinho

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  9. Eu adorei seu texto. É muito reconfortante saber que não estou sozinha em minha maneira de pensar. Para a maioria das pessoas e, principalmente para minha família, sou louca, mas acredito tanto no meu trabalho, na minha criatividade, que de tanto acreditar, está começando a dar certo.
    Sei que tenho um longo caminho a percorrer, mas, depois de, recentemente, passar quase uma semana naquele que seria meu local de trabalho após passar em um concurso, vi que salário nenhum e segurança nenhuma pagariam os momentos de prazer e alegria que tenho, fazendo o que gosto. Tudo bem que não era "O" salário, mas tinha a estabilidade que a maioria tanto preza hoje em dia.
    Não tenho vergonha de dizer: eu desisti do cargo. Desisti, para não desistir de mim.

    Beijos!

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    1. Danni, estou exatamente nesse movimento, só que em muitos momentos acho difícil ficar provando as coisas pras pessoas, sabe?
      Também me conforto em conhecer pessoas como você, estamos juntas nessa!

      Beijos

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  10. Ai Camila, posso assinar embaixo também? Apesar de não viver em Brasilia, compartilho de tudo o que vc disse e recebo olhares de pena qdo digo que costuro. Já ouvi a seguinte frase: "Vai passar...já, já, aparece algo melhor pra vc!". E assim a vida vai..e eu rio, né? Fazer o quê?

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  11. Eu adoro o seu blog! E recentemente fiz esta troca! Estudava Sistemas de Informação, área lucrativa da informatica. Mas aquilo não me preenchia. Eu não falava daquilo com paixão nos olhos, não me emocionava. Sentia-me cada vez menos criativa. Meu marido notou a diferença em como eu ficava quando o assunto era arte e quando o assunto era tecnologia. E eu decidi achar um meio termo, ja que hoje, é com info que eu trabalho. E segunda sera a minha primeira aula em Design Grafico! Faculdade que me ajudara a canalizar minha criatividade de forma produtiva e rentavel e ainda no campo da tecnologia! Fantastico! Digo ao meu esposo que desejo apenas uma vida confortavel e feliz! Parabens pelo blog e pela sua forma de encarar a vida! Beijos Layla Mattos

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  12. Adorei e concordo em todos os sentidos! Estamos perdendo nosso tempo tentando enriquecer...

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  13. É realmente muito triste essa troca de valores, dar tanta importância ao dinheiro e ao que você tem e não ao que você é. E as pessoas acham que passando num concurso mega ou ganahndo 100 mil por mês vão encontrar a felicidade, e no fundo continuam se sentindo vazias... E, afinal, ninguém chega no final da vida e se arrepende de não ter acumulado mais dinheiro, né...

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. Obrigada por publicar esta visão, esta maneira de ver a vida. A gente se depara todo dia com provações, com esse sentimento de estar ilhada e cercada por um mundinho sem graça e de plástico.

    Muito obrigada por me fazer sentir menos na ilha!

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  16. Penso igualzinho... :)
    Adorei seu blog!!!!

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