segunda-feira, 11 de junho de 2012

A não-mistura de Nova Iorque



Como já contei para vocês, sou formada em Artes Plásticas. E como o post anterior deu a dica, acabei de chegar de Nova Iorque. Nessa viagem tive oportunidade de visitar alguns museus e acabei vivendo novamente a história da Arte dentro da minha cabeça.

Nova Iorque é uma cidade de contrastes. Tem um monte de arranha-céus de puro concreto, mas ficam em volta do maior e mais lindo parque que já fui na vida. Tem um trânsito caótico, mas o ciclista tem o respeito e a preferência sempre. Tem pessoas de todas as nacionalidades, mas os espaços sociais não refletem essa mistura. Aliás, não há mistura.

Fomos ao show da Colbie Caillat no Central Park, um programa com poucos turistas. E fiquei impressionada como o público reproduzia a organização social de Nova Iorque. Orientais se divertiram com seus amigos orientais, negros dançaram com outros negros e os brancos - maioria - fizeram coro com sua turma branca. Nós (uma branca do cabelo enrolado, uma morena, uma japa e outra branca do cabelo liso) talvez fôssemos o grupo mais diversificado do lugar. Dessa maneira, a cidade me fez refletir muito sobre questões sociais.

Eu gostaria que não houvesse tanta exclusão social. Eu sei que soa meio hippie, mas eu realmente gostaria que as pessoas se amassem mais. Amor no sentido de respeito, solidariedade, compreensão. Independente de cor, opção sexual, religião.

Assim como os movimentos artísticos do século XX precisaram ter posturas radicais para quebrarem padrões estéticos anteriores, acredito que é preciso ter posicionamentos mais rígidos para rompermos com paradigmas sociais. Existem muitas pessoas que não têm interesse nessa mudança, ou que têm preguiça dela, e por isso mesmo sinto que precisamos de resistência para que o modelo se altere um bocadinho que seja. Assim como Picasso, tal qual Duchamp.

Desde adolescente sou taxada como intolerante quando o assunto é exclusão social. Eu descordo, apesar de reconhecer que sou rígida em muitas opiniões. Apesar de compreender a existência de preconceitos na sociedade - e em mim -, eu não os aceito. Essa é a minha rigidez. É uma questão da minha essência desde muito menina, é como se eu não tivesse escolha, ela me move. 

Os dias em Nova Iorque foram incríveis, muitas gargalhadas e descobertas. Mas também me fez sentir com mais clareza a relevância do amor no mundo. Que dá muito menos trabalho amar do que odiar. E que a vida é finita demais para perdermos tempo fazendo outras pessoas sofrerem.





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9 comentários:

  1. Mila, querida.
    Taí algo que compartilhamos, também... o sentimento de injustiça causado pela segregação.
    Seu texto me remeteu a uma parte da minha história...

    Aqui o ar transpira exclusão social. Aquela história de somos todos iguais... não existe! Não na Índia que eu vivo.

    Eu e o Johnson sofremos muito, no início, por não aceitarmos as "condições" de desigualdade causadas por essa exclusão.

    O ser bom, o ser caridoso, o ser honesto... muitas vezes, num contexto como o daqui, é confundido com burrice e ignorância.

    Nossas experiências nos deram duas opções... ou você endurece para "poder sobreviver", ou você cria um universo paralelo e (sobre)vive sozinho.

    Acabamos decidindo pela segunda opção, após um (grande) golpe...
    Decidimos não lutar (mais) contra a cultura e os costumes que tornam tão "tradicional" a exclusão social, na Índia.

    De alguma forma consigo sentir o que você sente, e digo... que sentimento ruim!
    Sabemos que não podemos lutar de fora, porque na verdade nunca estivemos dentro...
    Hoje entendo o porque sentimos tanta falta do nosso Brasil.

    Uma coisa é estar na sua pátria e lutar por algo que você acredita. Esse é um direito seu como cidadão do seu país.
    Outra coisa é ser um expatriado e bater de frente com a cultura e os costumes de um país do qual você não é cidadão... vide o que você percebeu/sentiu no show da Colbie Caillat. Adiantaria ir contra "tudo aquilo"?

    Aqui da Índia, e na Índia te falo que de nada adiantaria. Só causaria cólera; e o mal estar seria todo seu...
    Foi o que aconteceu conosco no nosso primeiro ano. Mas enfim...

    Sei que no nosso Brasil também existem exclusões sociais... mas ele é o nosso país!
    Ele é a nossa origem; por ele podemos lutar; temos o direito de discordar; e sabemos que a exclusão social não é seu único problema... mas, ainda sim, é O lugar onde poderemos encontrar um grupo (ou outro) de uma branca de cabelos enrolados, uma japa, uma morena e uma branca de cabelos lisos... Todas falando uma mesma língua e tendo a mesma nacionalidade.

    Realmente, Mila, dá muito menos trabalho amar do que odiar. Mas tenho percebido que quanto mais antigas as tradições, mais rígidas elas serão e contra isso, só o tempo.

    Não é que você seja rígida; é o tempo que está demorando a passar...

    Um grande viva a diversidade!!

    Saudades querida ♥ ♥
    Obrigada por compartilhar.

    Bjo com carinho

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    1. Mikesita,
      o preconceito é algo mundial, eu acho. Acontecem de maneiras diferentes, mas está em topa parte.

      O que eu sinto aqui no Brasil é uma alienação em relação a esta questão. As pessoas teimam em não se reconhecerem como preconceituosas e isso me irrita muito. Se você não enxerga, como mudar?

      Não tenho muitos amigos com os quais me sinto a vontade para falar de peito aberto sobre essa questão, porque ela é uma questão que incomoda. E, invariavelmente, eles me taxam de intolerante quando eu digo que não aceito comentários homofóbicos e piadas racistas na minha frente.

      É muito difícil ter um comportamento contrário ao padrão, pois o status quo nos massacra. Mas é fundamental deixar a luta alimentada dentro de nós para que não morra.

      Eu estou tentando parar de gritar, pois tenho percebido que não tem sido muito eficiente. Minha luta agora é pelas minhas atitudes.

      Força na peruca. Esse tempo na Índia pode te deixar muito mais forte para uma mudança social nesse sentido.

      Beijocas

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  2. Queridas Camila e Mik, estou com vcs e não abro, dá muito menos trabalho amar que odiar... adorei o post e o comentário da Mik... coincidentemente havia acabado de abrir o site do UseHuck com camisetas protestando sobre homofobia. Esta, pra mim, está no mesmo nível de qualquer tipo de exclusão. Vejam que ideia boa: http://blog.usehuck.com.br/index.php/gente-do-bem/homofobia-nao/
    Beijocas de Brasília pra vcs!
    Silvia

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    1. Essas iniciativas me fazem ter um pouco mais de otimismo. =)

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  3. ce sabe que tenho até um nojinho de pessoas que gritam preconceito como se fosse algo meio natural...credo! Como se elas fossem seres superiores sendo que o final de todos é o mesmo debaixo da terra.
    As pessoas deviam começar a prestar mais atenção nos conteúdos ao invés das casacas...

    bjo bjo

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    1. Concordo que deveríamos prestar mais atenção ao conteúdo, Valéria. Mas é tão difícil ter sempre essa postura numa sociedade tão visual como a nossa.

      Exercício eterno!

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